quarta-feira, 24 de abril de 2013

Tormenta



Eu viro minha cabeça, mas não há nada
Tudo o que há é meu pensamento irracional
E olhares em uma inútil caçada
Eu fecho a porta para manter fora o mal
E tampo meus ouvidos para manter fora os medos

Mas ouço essas vozes
Esta casa está me dando arrepios
Quem está na porta?
Quem está andando por perto?
Ou a minha imaginação inventou?

Onde posso ir, onde posso me esconder
Essas sombras pintadas na parede
Dizem-me que não há lugar para me acolher
Nem mesmo na sombra das suas asas

Sim, eles estavam lá quando acordei
Mas estavam mortos quando fui me deitar
E estarão mortos antes do dia acabar

Remorsos caminham pela casa a cochichar
Estão aqui para reviver meus momentos mais sombrios
Todos os mortos - vivos saíram para brincar
E todos querem seu pedaço de carne

Mas gosto de ficar com algumas coisas para mim
E não posso deixar que levem tudo
Não posso como sempre, me acomodar

Sempre carreguei esse peso nos ombros
Mas essa noite vou sepultá-los na terra
Eu gosto de manter minhas questões só para mim
É difícil viver com a culpa no seu pé
Então livrei-me dela

Já cansei dessa angústia sem graça
Essa noite vou acabar com essa história e recomeçar tudo
Pois procurando o paraíso, encontrei essa tormenta em mim


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"O homem dissipa a sua angústia inventando ou adaptando desgraças imaginárias."

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